segunda-feira, 29 de março de 2010

Oko amigo

Oko amigo, concelheiro capaz
nesta selva estarei contigo
deixas-te tudo para atrás
salvar-te-ei do iminente perigo...

porque insisto em contigo privar?
porque insistes nas histórias
que disses que tens para me contar?
leva para longe todas as tuas memorias...

oko chato que insistes...
vai-te embora não voltes mais
porque será que resistes?
porque te levantas sempre que cais?

oko de há muito tempo atrás
que caminha comigo e tudo tem...
são tempos de um tempo que me apraz
não serei eu oko também?!

Oko consumista

percorrem todos os centros comerciais da sua zona, todos os fóruns comerciais que conhecem, na busca incessante de algo igual a tantos algos que outrora viram em alguém, mas de preferência mais caro.
 gente oka sem gosto pessoal sem vontade própria ou incentivo . como eles vagueiam, como seguem errantes só olhando em frente!
 gente negra, gente desinteressante! facilmente os identifico, e isso dá-me alento para continuar, de mim pouco crédito recebem, e nunca me deixarão abalar!
estereótipos, papel químico de  actores famoso, podemos chamar-lhes tanta coisa...consumistas natos, por norma só pensam em gastar dinheiro, quando crianças sonham com o dinheiro dos pais...e que pais...que pais que alimentam o vicio das crianças de amanhã que tudo pedem, tudo têm e nada merecem! amanhã teremos os nossos adultos, crianças de hoje, que maltratam quem os bem tratou em tempos...mas não é assim a vida!? È...mas não deveria ser...e só quem joga pelo seguro está protegido...estás protegido? eu não estou...mas a capa que mandei fazer é grande o suficiente para me proteger, queres vir te abrigar comigo debaixo dela? se sim és bem-vindo, se não...lamento, mas abrigar-me-ei sozinho!

«Segue teu destino, rega as tuas plantas, ama as tuas rosas.
O resto é a sombra de árvores alheias.

A realidade sempre é mais ou menos do que nós queremos.
Só nós somos sempre iguais a nós próprios.

Não só quem nos odeia ou nos inveja nos limita e oprime;
Quem nos ama não menos nos limita.

Que os deuses me concedam que, despido de afetos,
Tenha a fria liberdade dos píncaros sem nada.

Quem quer pouco, tem tudo;
Quem quer nada é livre;
Quem não tem, e não deseja, homem, é igual aos deuses.»

- Fernando Pessoa – Odes de Ricardo Reis

sexta-feira, 26 de março de 2010

Os Okos e o tempo

«Ao dizermos: “O conhecimento não ocupa lugar” estamos a fazer uma afirmação incorrecta. A memória é como uma “caixa”. Quanto mais informação tem, mais cheia fica. Quando a “ caixa” está “cheia”, tem de “esvaziar”. A esse “esvaziamento” a Psicologia dá o nome de esquecimento. O esquecimento permite à memória reter ou armazenar novos conhecimentos. O esquecimento é essencial para o processo de memorização. É, pelo facto, de esquecermos que estamos aptos a fazer novas memorizações. O esquecimento apresenta uma função selectiva e adaptativa, afastando todos os materiais que não são importantes ou úteis para um normal funcionamento da nossa vida.»
.Escola Secundária 3ºcliclo da Azambuja
António Matos nº4- 12º A
Miguel Apolinário nº13-12º A
Rui Gaga nº15- 12ºA

 Achei deveras interessante este excerto de texto inserido num trabalho de grupo efectuado por estes alunos. podia ter citado qualquer um, mas tropecei neste, por isso...
aliamos então, Dali, psicologia, esquecimento e ocos.

lembras-te naquele tempo? quando a comida que tinhas, apenas era suficiente para colmatares as necessidades mais básicas? quando por volta das 20h00 sentias a barriga colada ás costas e o melhor que tinhas a fazer era enfiares-te na cama a ver se as dores passavam, lembras-te?

lembras-te daqueles dias frios demais que te apetecia um banhinho quente e que nem  água aquecida tinhas? sim, e das vezes que querias convidar algum amigo lá a casa mas a vergonha da parca mobília calava-te a boca abafava-te as palavras...lembras-te?

lembras-te quando a televisão, a boa aparelhagem e o auto rádio xpto, faziam parte dos teus sonhos e nada mais? 

Meu amigo irmão, esse tempo há muito que está esquecido, arquivado nalguma partição da tua mente desordenada, na ânsia de nunca voltar a encontra-lo nem sequer passar os olhos por quem passa pelo mesmo, apesar dos tempos já serem outros e os outros já não serem destes tempos...

nesse tempo a olhos de alguns surreal e irracional teria te conhecido com toda a nudez que se quer, com toda a pureza e confronto que se pretende! sem tempo para okiçes ou qualquer coisa terminada em içes, seriamos só tu e eu em pleno! tu e eu, tempo, eu e tu insanidade.

e hoje? hoje nestes dia okos nesta dimensão de plena superficialidade e soberba, correm feitos loucos tentam passar pela porta do tempo em busca de dias melhores! não!!! não os encontraram, pois eles morreram há muito, há muito que se extinguiram, hoje lutas por tudo o que é material, por tudo o que possas mostrar ao teu próximo, por tudo o que achas que te dignifica...e o vento leva-te, afasta-te cada vez mais da tua condição de humano...vai....vai...quiça os encontres por entre as nuvens do paraíso, quando fores para o ceú...

in livro da insanidade by MetaMorfo




 

quarta-feira, 24 de março de 2010

Desprovidos de olhar


Desprovidos de olhar, cruzam-se nos teus caminhos, amparam as ansias dos prescritos, são os homens malditos, sem escolha, sem rumo, sem dor.
nada me  rovolta e indigna mais do que constatar no meu semelhante olhares vazios e peitos ocos.
Roboticamente deambulam pelas bifurcações da vida, escolhendo metódicamente sempre o mesmo rumo!
gente que só olha para si, que só vê os seus problemas que só repara nos seu medos, desprovidos de olhar eles rumam ao seu objectivo, olham e não vêm o sem abrigo, não vêm a criança, não vêm o idoso tentando atravessar a rua, ou o ceguinho na porta do metro...e caminham, caminham...desprovidos de olhar, eles olham sem ver os males do mundo...
a total ausência de sentimentos, a inércia e as frases monosílabas caracterizam este Homem que passa ao teu lado sem te ver, agem mecanicamente e a palavra semelhante não existe nos seus dicionários, alheios a tudo o que não lhe diz respeito, seguem a sua marcha sem nada que os demova...deixai-os passar, deixai-os passar...

terça-feira, 23 de março de 2010

Carinhosamente okinhos

Hoje, e como já não vos visito á bastante tempo, quero deixar algo profundo. Falar-vos-ei de um grande filósofo espanhol que tanto adoro; José Ortega y Gasset e com uma citação do mestre inicio este post:

«É imoral pretender que uma coisa desejada se realize magicamente, simplesmente porque a desejamos. Só é moral o desejo acompanhado da severa vontade de prover os meios da sua execução» made in a Rebelião das massas.

Carinhosamente cuidamos dele, de mansinho ele vai crescendo, crescendo, crescendo...mas só mesmo em matéria, damos-lhe tudo o que não tivemos, reparamos-lhes todas as falhas, seguramos sua mão, comatamos toda e qualquer falta...no entanto, só a matéria é que continua a expandir-se...

qualquer erro é perdoável, qualquer indiscrição não mereçe castigo, e eles crescem, crescem, a repreensão é impensável, pois levaria a nos odiarem mais tarde...carinhosamente pagamos suas dividas incautas, sem nunca questionarmos! e no entanto eles continuam a crescer...e um dia...um dia qualquer...quiça um dia de sol, sem nuvens, um dia de paz...deparamo-nos com eles á nossa frente, sem dividas, sem maus tratos, sem danos sem arranhões, sem carências, sem sufocos...mas também sem nada para além da matéria pálpavel...e ai, ai os chamaremos carinhosamente de okinhos!

São estes os adultos de amnhã, são estes seres que carregam castelos de areia nas mãos, que carregam alentos e magias inatingiveis, que vivem para além do terreno, para além das nuvens de açúcar!
como eu os queria acordar, como um dia alguém me acordou a mim, como eu os queria despertar deste sono  profundo.